Saturday, October 14, 2017

O Pensamento dos Reformadores



Introdução

Em comemoração e homenagem aos 500 (quinhentos) anos de reforma protestante que se completam este mês (outubro de 2017) fiz este texto expondo um pouco do pensamento daqueles que fizeram parte da renovação da igreja cristã recuperando pontos fundamentais do cristianismo bíblico que havia se perdido.

Erasmo de Rotterdam

Desiderius Eramus nasceu em Rotterdam, Holanda, em 1466 e foi, durante toda a sua vida, ligado à Igreja Católica Romana sendo um dos primeiros a criticar a igreja.

Seu posicionamento com relação a Reforma Protestante foi de neutralidade e dessa forma acabou sendo, posteriormente, isolado por não defender nenhum dos dois lados. Seu grande prestígio como erudito e intelectual renascentista dissolveu-se rapidamente após sua morte em consequência de seu isolamento.

Sua obra-prima trata-se do Elogio da Loucura (1524) onde apresenta um conceito de “loucura” como um espectro que vai do que há de pior no ser humano até a melhor “loucura”, a loucura da cruz, que é a fé em Cristo.

Entendeu a filosofia como um exercício de autoconhecimento, e sabedoria e prática de vida cristã.

No seu pensamento, Reforma significa voltar a simplicidade dos evangelhos e das epístolas paulinas; procurou exaltar a fé, a caridade e a esperança.

Incentivado por amigos católicos romanos, escreveu um livro defendendo o livre-arbítrio em oposição ao que Lutero pregava. Por causa deste livro, foi duramente criticado por Lutero que se referiu a sua doutrina como “lixo e excrementos”.

Martinho Lutero

Tinha um pensamento completamente pessimista com relação ao ser humano e sua capacidade filosófica e racional. Acreditava que em decorrência do pecado original do primeiro casal, o ser humano se encontra em um estado de depravação e egoísmo que o impossibilita de produzir qualquer tipo de conhecimento verdadeiro e louvável por si só. Dessa forma, desprezava os filósofos considerando-os soberbos.

Seu pensamento além de Reformado era Revolucionário pois desconsiderava por completo qualquer valor que a tradição cristã construída até o momento poderia ter. Ele acreditava que a tradição na qual a igreja estava inserida era a própria antítese do evangelho e portanto propunha um rompimento completo da Igreja Romana.

Durante o tempo que Lutero viveu como padre sentia-se incapaz de alcançar a graça divina, pois segundo a doutrina católica, o homem necessita das obras juntamente com a fé para obter a salvação. Já na visão reformada de Lutero, as obras não possuem papel algum para obtenção da graça, que é dom gratuito de Deus para o ser humano, que após alcançado por Deus, desenvolve boas obras naturalmente, como consequência da atuação do Espírito de Deus em sua obra santificadora.

Sua teologia pode ser resumida em 3 (três) pontos fundamentais: justificação somente pela fé, infalibilidade das Escrituras, e sacerdócio universal.

Como decorrência da ideia da bíblia como única regra de fé e revelação perfeita de Deus à humanidade, Lutero dedicou coa parte de sua vida a traduzir as Sagradas Escrituras.

Por fim, devido a doutrina do sacerdócio universal, Lutero pregava que todo e qualquer homem pode e deve estudar as Escrituras e prega-las. Portanto, no pensamento reformado, torna-se desnecessário uma casta privilegiada (clero) que se coloque como intermediária entre os “leigos” e a Palavra de Deus.

Ulrich Zwínglio

Inicialmente, foi discípulo de Erasmo, mas diferente de seu mestre, rompeu com a Igreja e ficou conhecido como o Reformador de Zurique, Suíça.

Defendeu as seguintes teses luteranas: a escritura é a única fonte de verdade e possui autoridade superior a todos os homens inclusive superior a igreja; a salvação se dá unicamente pela graça mediante unicamente a fé; predestinação.

Assim como Lutero, entende o pecado como proveniente do egoísmo humano.

João Calvino

Jean Cauvin, nasceu em Noyon, França (1509).

De forma semelhante a Lutero, negou o livre-arbítrio e afirmou o sevo-arbítrio, e de forma muito mais intensa que Lutero, defendeu a predestinação a ponto de subordinar quase inteiramente a Deus as decisões do homem.

Percebido por Max Weber tempos mais tarde, um elemento singular do calvinismo é a ideia do sucesso profissional atrelado a eleição divina para a salvação. Segundo o sociólogo alemão, esse pensamento reformado criou o “espírito” do Capitalismo.


Thursday, October 12, 2017

O Dinheiro Segundo Adam Smith



*O TEXTO A SEGUIR É BASEADO NO CAPÍTULO IV DO PRIMEIRO LIVRO DO ENSAIO A RIQUEZA DAS NAÇÕES DE AUTORIA DO ESCOCÊS PAI DA ECONOMIA CLÁSSICA, ADAM SMITH.

Todo o processo econômico humano é decorrente de uma constatação básica e surge em resposta a ela: o indivíduo é incapaz de atender todas as suas necessidades materiais de forma satisfatória. Imagine por exemplo que você tivesse que produzir sua própria cama, roupa, alimento, sua iluminação, sua mesa, seus talheres e pratos, seu meio de transporte, seu meio de comunicação, etc. Perceberia logo a veracidade da constatação acima exposta e a ingenuidade de se imaginar uma vida confortável longe de uma sociedade de mercado.

Para solucionar este problema surge o comércio, que pode ser decomposto em dois fatores, (1) a divisão do trabalho e (2) trocas voluntárias do excedente produzido. A partir desse segundo componente do comércio é que tem início a ideia de dinheiro.

O dinheiro surge como solução ao problema das trocas diretas (escambo). Por exemplo, em uma sociedade baseada em escambo, uma pessoa precisará possuir algo que o padeiro queria para trocar por pão. Se o desejo do padeiro for por cerveja, essa pessoa precisará de algo que o cervejeiro queira, e se este quiser carne, será necessário trocar algo de interesse do açougueiro pela carne e assim sucessivamente. Tendo em vista o grande empecilho que isso se torna para toda a sociedade, surge bens econômicos que servem como intermediários, como por exemplo, o sal, o açúcar, o fumo, gado, pregos, etc. Todos esses intermediários serviram como a forma mais primitiva de dinheiro.

Para que um bem econômico pudesse se destacar como um bom intermediário em detrimento dos demais, 5 (cinco) fatores são levados em consideração, (1) sua durabilidade, dessa forma uma fruta dificilmente seria meio de troca, (2) sua divisibilidade, os animais por exemplo, logo deixaram de ser meios de troca, (3) dificuldade em ser falsificado/adulterado, (4) facilidade de transporte e (5) escassez, logo a água ou areia seriam péssimos candidatos. Uma vez que os metais, como o cobre, a prata e o ouro, cumpriam muito bem a maioria desses fatores, eles foram se popularizando como meio mais eficiente de dinheiro.

Todavia, o fator de número 3 demonstrava ser um grande problema para o uso dos metais como moeda de troca pois, para garantir a autenticidade da quantidade de metal era necessário uma pesagem de alta precisão, além de que, ainda que o peso fosse correto, poderia se tratar de uma liga metálica onde uma porcentagem pequena do metal fosse adulterada. Em consequência disso, os governos antigos criaram órgãos denominados Casas da Moeda, onde os metais eram moldados em moedas que recebiam cunhagem como uma forma de oficializa-las como confiáveis. Contudo, apesar do problema ter sido aparentemente resolvido, a população passa a depender da honestidade do governo que, semelhante aos dias atuais quando o chefe de Estado resolve “ligar a impressora” para quitar suas dívidas, os soberanos antigos muitas vezes não hesitavam em usar seu poder para fraudar o dinheiro corrente em benefício de seus próprios interesses.

Monday, October 9, 2017

Ética e Moral



Introdução

Duas das perguntas mais básicas e fundamentais do pensamento humano ao se deparar com a realidade e com outros seres humanos são: o que eu posso ou não fazer? e, o que é certo e errado?
A primeira dessas perguntas está ligada a Ética, que nada mais é que uma investigação filosófica acerca dos comportamentos humanos aceitáveis e não aceitáveis. Já a segunda pergunta depende da Moral individual que se adota. Moral esta, pode-se definir, como as noções de bem e mal de cada indivíduo e que, obviamente, estão ligadas ao grupo ao qual este individuo faz parte.

O tema da Ética e Moral é de suma importância para se compreender o ser humano e suas ações, sejam elas isoladas ou de forma coletiva como por exemplo uma religião ou uma orientação política. No texto que se segue, serei claro e objetivo ao tentar explicar minha visão acerca do tema e me utilizarei de exemplos reflexivos para que fique claro os conceitos.

Metaética

O prefixo “meta” significa “além” e portanto, a metaética é o ramo da ética que estuda basicamente, a origem e significado da ética, a existência da moral como uma verdade subjetiva ou objetiva, e a relação entre a psiquê e os julgamentos morais humanos.

Ética Normativa

Se preocupa em elaborar princípios e regras que possam servir de “peneira” para se determinar aceitável e não aceitável determinadas ações.

Um exemplo clássico de princípios ético é o chamado, Regra de Ouro ou Regra Áurea que diz: “não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem a você”. A partir desse princípio pode-se determinar toda e qualquer ação como aceitável ou não, ou pelo menos a proposta seria essa.

Ética Aplicada

É o ramo da ética que lida com casos específicos de controvérsias morais. Tais casos devem ser de natureza universal, pois a ética e a moral são universais por natureza, e normalmente são extremamente complexos e delicados sendo de uma dificuldade elevada se posicionar em relação a eles.

A Ética Libertária

O libertarianismo é uma teoria política anarquista que defende a ideia de uma sociedade onde os indivíduos interajam economicamente através de trocas voluntárias. A teoria ética que dá base ao pensamento libertário afirma que a propriedade privada é o único e inalienável princípio norteador que define ações proibidas e permitidas. Apesar de todos os libertários concordarem com esta afirmação existem diferentes vertentes no que se refere a explicação do porque este princípio norteador ético é o que deve ser adotado. Duas dentre as diversas vertentes se destacam: (1) utilitarismo, que defende a propriedade privada sobre a alegação de que é o princípio que traz melhores resultados, (2) jusnaturalismo, que defende a propriedade privada pois ela é um dos direitos naturais inerentes aos seres humanos.

Moral

Como dito anteriormente, a moral é o senso de atos bons e atos ruins que o ser humano pode praticar. Este senso é individual e pode ser subjetivo ou objetivo. Um exemplo de moral subjetiva seria a moral de um ateu, pois se Deus não existe a moral está advém do sujeito. Em contrapartida a moral de um teísta pode ser considerada um exemplo de moral objetiva se este teísta acredita que a moral advém de Deus e portanto é absoluta e invariável.
Moralmente falando, existem 3 (três) tipos de classificações que pode-se atribuir a uma ação, (1) moral, ação boa, (2) imoral, ação ruim e (3) amoral, ação neutra.

A Moral Cristã

Todos os cristãos acreditam, ou pelo menos deveriam, em uma moral objetiva advinda de Deus e revelada por ele ao seu servo Moisés no Monte Sinai onde ele recebeu de Deus duas tábuas com 10 mandamentos que expressão o caráter de Deus e portanto explicitam ao ser humano as noções de bem e mal.

Minha Orientação Filosófica Moral e Ética

Sou um libertário jusnaturalista cristão e portanto acredito na ideia de direitos naturais inerentes aos seres humanos, sendo um deles a propriedade privada, e sigo (ou pelo menos tento seguir) a lei moral dada por Deus aos homens expressa na forma dos 10 mandamentos.

Com relação as ações que ferem os direitos fundamentais e naturais acredito que essas devem ser consideradas criminosas e portanto merecedoras de punição, e com relação as ações que ferem os 10 mandamentos judaico-cristãos acredito que sejam imorais, reprováveis, desaconselháveis, repreensíveis, etc, porém não constituem crime e portanto o indivíduo pode exercer sua liberdade de pratica-las. 

Fragmentado


*OS EVENTOS MAIS MARCANTES DO FILME NÃO SÃO DESCRITOS NO TEXTO A SEGUIR E PORTANTO AO LÊ-LO, O FILME NÃO ACABARÁ POR PERDER A GRAÇA.

Introdução

Fragmentado é o nome brasileiro do filme de terror/suspense americano Split, escrito e dirigido por M. Night Shyamalan, que foi lançado em 2017 pela Universal Pictures, tendo como grandes estrelas o ator James McAvoy, já conhecido do público por interpretar o professor Charles Xavier nos filmes recentes dos X-Men, e a atriz Anya Taylor-Joy.
O filme é visto na maior parte do tempo a partir “dos olhos” da personagem Casey (Anya Taylor-Joy), porém Casey divide a centralidade do filme com Kevin Wendell Crumb (James McAvoy), que durante a infância foi muito maltratado pela mãe e em decorrência disso desenvolveu TDI (transtorno dissociativo de identidade) e possui, inicialmente, 23 diferentes personalidades.
A coexistência de múltiplas personalidades não é nada novo no campo cinematográfico e televisivo, e podemos citar como exemplo a série de TV e o filme, ambos americanos, Heroes e O incrível Hulk, onde temos dois personagens com múltiplas identidades, Niki Sanders e Bruce Banner, respectivamente.

Enredo

O filme começa com uma das 23 personalidades, Dennis, sequestrando 3 (três) adolescentes, Claire, Marcia e Casey, e levando-as para um cativeiro subterrâneo onde prende as 3 juntas em um quarto.
Durante o tempo que elas passam lá vão conhecendo as múltiplas personalidades de Kevin sendo 3 as mais importantes no filme: Hedwig, Dennis e Patricia.
Dennis e Patricia acreditam que uma 24ª (vigésima quarta) personalidade irá surgir em breve e se referem a ela como sendo a “Besta”. Já Hedwig é uma personalidade infantil de apenas 9 (nove) anos de idade que, inclusive, as meninas tentam manipular para ajuda-las a fugir de lá, mas não obtém sucesso algum.
Outra personagem de extrema importância no filme é a psiquiatra Dra. Karen Fletcher, uma mulher já idosa que acompanha o Kevin e suas personalidades tentando ajuda-lo.

Polêmicas e TDI

O filme acabou sendo alvo de críticas por parte de pessoas envolvidas com o tema do TDI que o colocaram como um desserviço para aqueles que sofrem com esse transtorno pois, afirmaram que, o filme reforça uma falsa noção estereotipada que pessoas com TDI são perigosas.
O TDI é um transtorno que ainda não se possui certeza de sua existência e realidade porém, segundo aqueles que o defendem como diagnóstico, é causado pela soma de dois fatores: incapacidade de associação/integração de diferentes eventos em um único “eu” e a vivencia de um forte abuso, principalmente na infância.
Segundo a hipótese do TDI, o indivíduo sofre alguma situação extrema como um abuso, e não conseguindo lidar com os efeitos psicológicos e sociais advindos do ocorrido acaba desenvolvendo outras personalidades que sejam capazes de lidar com seu trauma.

 Vale a pena assistir?

Com certeza este é um dos filmes que vale muito a pena assistir por diversos motivos, listarei alguns deles:

1 – Excelente atuação de James McAvoy – já gostava do trabalho do ator pelo que vi dele nos filmes dos X-Men, porém foi só agora em Fragmentado que percebi o tamanho de seu talento em atuar.
2 – A sensação prazerosa de entender os enigmas no decorrer do filme – a forma como Shyamalan constrói uma história enigmática e perturbadora vai se mostrando incrível ao longo do filme onde o espectador tem um trabalho mental de ir ligando pontos para, por fim, entender o desfecho.
3 – Profundidade dos personagens principais – outro ponto alto do Shyamalan neste filme é conseguir fazer o espectador imergir dentro dos conflitos psicológicos e mentais dos personagens principais dando uma incrível profundidade ao filme, que apesar de ter apenas 3 ou 4 cenários diferentes possui uma história extremamente ampla.


Se você acredita que ficou faltando alguma coisa a ser dita sobre o filme, deixe um comentário abaixo.

Thursday, October 5, 2017

Por que NÃO sou Calvinista


Introdução

Soteriologia é a área da Teologia Bíblica que estuda a questão da salvação humana.
Dentre as muitas posições soteriológicas uma das mais importantes é a Calvinista pelo fato de levar consigo o nome de um dos maiores reformadores da igreja cristã, o teólogo francês, João Calvino.

O Calvinismo pode ser resumido em uma sequência de 5 (cinco) doutrinas onde suas iniciais em língua inglesa formam o anagrama TUPLIP.

Total Depravity (Depravação Total)
Unconditional Election (Eleição Incondicional)            
Limited Atonement (Expiação Limitada)
Irresistible Grace (Graça Irresistível)
Perseverance of the Saints (Perseverança dos Santos)

Neste texto eu abordarei as duas primeiras doutrinas e mostrarei por que não sou um Calvinista.

Eleição Incondicional e Deus como o autor do pecado

A doutrina da Eleição Incondicional afirma que Deus elegeu de forma soberana aqueles que irão se salvar e por consequência, os não escolhidos irão se perder necessariamente, visto que não existe uma terceira opção.

Primeiramente gostaria de defender esta doutrina de um tipo de ataque injusto que a ela é feita: segundo a Eleição Incondicional Deus é injusto pois não salva a todos. Apesar de não considerar a doutrina em questão verdadeira, seria desonesto de minha parte corroborar com tal acusação e irei demonstrar através de uma pequena ilustração o por que este não é o erro da doutrina. Imagine que você, por algum motivo completamente desconhecido, está em um barco em alto mar e avista 3 (três) pessoas nadando perdidas. Ao se aproximar delas, percebe que se trata de 3 assassinos que foram condenados à pena de morte e portanto, foram jogados em alto mar à deriva. Você, apesar de não possuir obrigação nenhuma de salvar qualquer um deles que seja, decide por pura misericórdia salvar 1 (um) dos 3. Perceba que se você não tivesse avistado aqueles homens e se compadecido de 1 deles com certeza todos os 3 morreriam como punição pelos seus crimes. Assim como você não possui obrigação nenhuma de salvar qualquer 1 deles que seja, Deus não tem obrigação nenhuma de salvar qualquer ser humano que seja. Ainda que Deus, soberanamente, decidisse salvar apenas 1 de nós ele não estaria sendo injusto com os demais pois o salário do pecado é a morte e, como pecadores que somos, nada temos de reclamar em nosso favor.

Tendo feita minha defesa acerca de uma acusação específica contra a Eleição Incondicional irei, agora, demonstrar por dois caminhos por que ela é falsa
.
·         Primeiro erro – Deus como autor do pecado

A Eleição é um conceito que de fato existe na Bíblia e se refere aqueles que Deus elegeu para ele e portanto, para a salvação. Existe dois critérios conflitantes que são apresentados como explicação para a forma como Deus elege: a predeterminação e a presciência. A primeira é a explicação Calvinista e defende que toda a história é determinada por Deus e portanto a eleição é apenas fruto da soberania divina. Já a segunda teoria diz que Deus elege segundo seu conhecimento prévio do futuro e portanto, Deus não determina a história porém ele a conhece completamente desde sempre.

A grande aberração da primeira teoria é que, se ela for verdadeira, Deus passa a ser por consequência o próprio autor do pecado.

·         Segundo erro – A Bíblia diz o contrário

Mesmo que não seja injustiça da parte de Deus salvar apenas alguns e não a todos, uma dúvida fica no ar: se Deus é benevolente, amoroso, misericordioso, compassivo, benigno, e ao mesmo tempo todo-poderoso, presume-se que ele salvaria a toda a raça humana. Ao analisarmos a bíblia, podemos perceber que, de fato, é essa a vontade de Deus: salvar a todos. [1 Tm 2:4] [2 Pe 3:9] [Tt 2:11] [At 2:21] [Rm 5:18] [1 Jo 2:2];
A pergunta a ser feita na sequência é: se Deus quer salvar a todos, por que não faz isso? A resposta encontra-se a seguir.

Depravação Total versus Livre arbítrio?

É importante lembrar que a doutrina da Depravação Total advém de Santo Agostinho (Agostinho de Hipona) que foi um dos primeiros e grandes teólogos e filósofos da igreja cristã. João Calvino, tendo nascido muito tempo depois de Agostinho, foi extremamente influenciado por ele assim como Lutero também o foi.

A doutrina citada anteriormente afirma que o Pecado Original (pecado do primeiro casal) afundou os seres humanos em um estado de depravação de todos os aspectos humanos, físico, mental e espiritual. Dessa forma o ser humano não tem condições, por si próprio, de fazer ou de querer o bem e a Deus. Portanto, o livre-arbítrio é completamente negado pelos Calvinistas.

Apesar de acreditar na doutrina da depravação total, acredito também no livre-arbítrio do ser humano mediante um elemento ignorado pela teologia Calvinista: a influência do Espírito Santo de Deus sobre os seres humanos. Dessa forma acredito que, ainda que o homem seja corrupto em todas as esferas de sua natureza, ele pode escolher livremente o bem, pois o poder do Espírito Santo o torna capaz disso. Portanto, a resposta para a pergunta deixada em aberto no tópico anterior é: enquanto alguns seres humanos escolhem de forma livre e voluntária a salvação oferecida por Deus, outros escolhem de forma livre e voluntária a perdição, logo Deus salva aqueles que se decidem por ele e condena aqueles que o rejeitaram.

Esta influência do Espírito de Deus citada anteriormente tem o nome de Graça Preveniente de acordo com John Wesley, teólogo e filosofo cristão de nacionalidade britânica. Segundo Wesley a Graça se divide em 3: Preveniente (torna possível ao ser humano escolher de forma livre a salvação ou a perdição), Justificadora (justifica, mediante o sacrifício de Cristo, todo aquele que aceitar tal sacrifício) e Santificadora (atua por toda a jornada cristã santificando o cristão e restaurando sua natureza pecaminosa, tornando-a pura e reta [Sl 51:10]).

Conclusão

                     Apesar do Calvinismo partir de uma ideia verdadeira e bíblica, a Depravação Total, acaba se mostrando uma soteriologia falsa e anti-bíblica logo em sua doutrina seguinte, a Eleição Incondicional.