Introdução
Em comemoração e homenagem aos 500 (quinhentos) anos de
reforma protestante que se completam este mês (outubro de 2017) fiz este texto
expondo um pouco do pensamento daqueles que fizeram parte da renovação da igreja
cristã recuperando pontos fundamentais do cristianismo bíblico que havia se perdido.
Erasmo de Rotterdam
Desiderius Eramus nasceu em Rotterdam, Holanda, em 1466 e
foi, durante toda a sua vida, ligado à Igreja Católica Romana sendo um dos primeiros
a criticar a igreja.
Seu posicionamento com relação a Reforma Protestante foi
de neutralidade e dessa forma acabou sendo, posteriormente, isolado por não
defender nenhum dos dois lados. Seu grande prestígio como erudito e intelectual
renascentista dissolveu-se rapidamente após sua morte em consequência de seu
isolamento.
Sua obra-prima trata-se do Elogio da Loucura (1524) onde apresenta um conceito de “loucura”
como um espectro que vai do que há de pior no ser humano até a melhor “loucura”,
a loucura da cruz, que é a fé em Cristo.
Entendeu a filosofia como um exercício de autoconhecimento,
e sabedoria e prática de vida cristã.
No seu pensamento, Reforma significa voltar a simplicidade
dos evangelhos e das epístolas paulinas; procurou exaltar a fé, a caridade e a
esperança.
Incentivado por amigos católicos romanos, escreveu um
livro defendendo o livre-arbítrio em oposição ao que Lutero pregava. Por causa
deste livro, foi duramente criticado por Lutero que se referiu a sua doutrina
como “lixo e excrementos”.
Martinho Lutero
Tinha um pensamento completamente pessimista com relação
ao ser humano e sua capacidade filosófica e racional. Acreditava que em decorrência
do pecado original do primeiro casal, o ser humano se encontra em um estado de
depravação e egoísmo que o impossibilita de produzir qualquer tipo de
conhecimento verdadeiro e louvável por si só. Dessa forma, desprezava os
filósofos considerando-os soberbos.
Seu pensamento além de Reformado era Revolucionário pois
desconsiderava por completo qualquer valor que a tradição cristã construída até
o momento poderia ter. Ele acreditava que a tradição na qual a igreja estava
inserida era a própria antítese do evangelho e portanto propunha um rompimento
completo da Igreja Romana.
Durante o tempo que Lutero viveu como padre sentia-se
incapaz de alcançar a graça divina, pois segundo a doutrina católica, o homem
necessita das obras juntamente com a fé para obter a salvação. Já na visão
reformada de Lutero, as obras não possuem papel algum para obtenção da graça,
que é dom gratuito de Deus para o ser humano, que após alcançado por Deus,
desenvolve boas obras naturalmente, como consequência da atuação do Espírito de
Deus em sua obra santificadora.
Sua teologia pode ser resumida em 3 (três) pontos
fundamentais: justificação somente pela fé, infalibilidade das Escrituras, e
sacerdócio universal.
Como decorrência da ideia da bíblia como única regra de
fé e revelação perfeita de Deus à humanidade, Lutero dedicou coa parte de sua
vida a traduzir as Sagradas Escrituras.
Por fim, devido a doutrina do sacerdócio universal,
Lutero pregava que todo e qualquer homem pode e deve estudar as Escrituras e
prega-las. Portanto, no pensamento reformado, torna-se desnecessário uma casta
privilegiada (clero) que se coloque como intermediária entre os “leigos” e a
Palavra de Deus.
Ulrich Zwínglio
Inicialmente, foi discípulo de Erasmo, mas diferente de
seu mestre, rompeu com a Igreja e ficou conhecido como o Reformador de Zurique,
Suíça.
Defendeu as seguintes teses luteranas: a escritura é a
única fonte de verdade e possui autoridade superior a todos os homens inclusive
superior a igreja; a salvação se dá unicamente pela graça mediante unicamente a
fé; predestinação.
Assim como Lutero, entende o pecado como proveniente do
egoísmo humano.
João Calvino
Jean Cauvin, nasceu em Noyon, França (1509).
De forma semelhante a Lutero, negou o livre-arbítrio e
afirmou o sevo-arbítrio, e de forma muito mais intensa que Lutero, defendeu a
predestinação a ponto de subordinar quase inteiramente a Deus as decisões do
homem.
Percebido por Max Weber tempos mais tarde, um elemento
singular do calvinismo é a ideia do sucesso profissional atrelado a eleição
divina para a salvação. Segundo o sociólogo alemão, esse pensamento reformado
criou o “espírito” do Capitalismo.