Saturday, December 2, 2017

Sobre o Amor

 

O sentimento segue aquilo que amamos. Se amamos o que é verdadeiro, bom e belo, ele nos conduzirá para lá. O problema, portanto, não é sentir, mas amar as coisas certas. Do mesmo modo, o pensamento não é guia de si próprio, mas se deixa levar pelos amores que temos. Sentir ou conhecer, nenhum dos dois é um guia confiável. Antes de poder seguir qualquer um dos dois, é preciso aprender a escolher os objetos de amor – e o critério dessa escolha é: Quais são as coisas que, se dependessem de mim, deveriam durar para sempre? Há coisas que são boas por alguns instantes, outras por algum tempo. Só algumas são para sempre.
Prof. Olavo de Carvalho           
      Este texto do professor, fez-me pensar acerca da Lei Moral dada por Deus e resumida por seu Filho em dois mandamentos. Nas palavras de Jesus: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento" e "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Mt 22:37 e 39)
      Dessa forma, chega-se à conclusão que Deus não nos passou esta ordem simplesmente por que ela é "bonitinha", "da paz" ou "bacana", e sim, por que nossa vida depende disso.
      Se o amor não for o objetivo primeiro e último da nossa existência, nossa vida não passa de uma vela acesa que uma hora há de se apagar para nunca mais acender. Não passa de um barco à deriva no mar que logo irá afundar.
      Que o amor de Deus seja o combustível da nossa vela e os ventos que guiam o nosso barco.


Saturday, October 14, 2017

O Pensamento dos Reformadores



Introdução

Em comemoração e homenagem aos 500 (quinhentos) anos de reforma protestante que se completam este mês (outubro de 2017) fiz este texto expondo um pouco do pensamento daqueles que fizeram parte da renovação da igreja cristã recuperando pontos fundamentais do cristianismo bíblico que havia se perdido.

Erasmo de Rotterdam

Desiderius Eramus nasceu em Rotterdam, Holanda, em 1466 e foi, durante toda a sua vida, ligado à Igreja Católica Romana sendo um dos primeiros a criticar a igreja.

Seu posicionamento com relação a Reforma Protestante foi de neutralidade e dessa forma acabou sendo, posteriormente, isolado por não defender nenhum dos dois lados. Seu grande prestígio como erudito e intelectual renascentista dissolveu-se rapidamente após sua morte em consequência de seu isolamento.

Sua obra-prima trata-se do Elogio da Loucura (1524) onde apresenta um conceito de “loucura” como um espectro que vai do que há de pior no ser humano até a melhor “loucura”, a loucura da cruz, que é a fé em Cristo.

Entendeu a filosofia como um exercício de autoconhecimento, e sabedoria e prática de vida cristã.

No seu pensamento, Reforma significa voltar a simplicidade dos evangelhos e das epístolas paulinas; procurou exaltar a fé, a caridade e a esperança.

Incentivado por amigos católicos romanos, escreveu um livro defendendo o livre-arbítrio em oposição ao que Lutero pregava. Por causa deste livro, foi duramente criticado por Lutero que se referiu a sua doutrina como “lixo e excrementos”.

Martinho Lutero

Tinha um pensamento completamente pessimista com relação ao ser humano e sua capacidade filosófica e racional. Acreditava que em decorrência do pecado original do primeiro casal, o ser humano se encontra em um estado de depravação e egoísmo que o impossibilita de produzir qualquer tipo de conhecimento verdadeiro e louvável por si só. Dessa forma, desprezava os filósofos considerando-os soberbos.

Seu pensamento além de Reformado era Revolucionário pois desconsiderava por completo qualquer valor que a tradição cristã construída até o momento poderia ter. Ele acreditava que a tradição na qual a igreja estava inserida era a própria antítese do evangelho e portanto propunha um rompimento completo da Igreja Romana.

Durante o tempo que Lutero viveu como padre sentia-se incapaz de alcançar a graça divina, pois segundo a doutrina católica, o homem necessita das obras juntamente com a fé para obter a salvação. Já na visão reformada de Lutero, as obras não possuem papel algum para obtenção da graça, que é dom gratuito de Deus para o ser humano, que após alcançado por Deus, desenvolve boas obras naturalmente, como consequência da atuação do Espírito de Deus em sua obra santificadora.

Sua teologia pode ser resumida em 3 (três) pontos fundamentais: justificação somente pela fé, infalibilidade das Escrituras, e sacerdócio universal.

Como decorrência da ideia da bíblia como única regra de fé e revelação perfeita de Deus à humanidade, Lutero dedicou coa parte de sua vida a traduzir as Sagradas Escrituras.

Por fim, devido a doutrina do sacerdócio universal, Lutero pregava que todo e qualquer homem pode e deve estudar as Escrituras e prega-las. Portanto, no pensamento reformado, torna-se desnecessário uma casta privilegiada (clero) que se coloque como intermediária entre os “leigos” e a Palavra de Deus.

Ulrich Zwínglio

Inicialmente, foi discípulo de Erasmo, mas diferente de seu mestre, rompeu com a Igreja e ficou conhecido como o Reformador de Zurique, Suíça.

Defendeu as seguintes teses luteranas: a escritura é a única fonte de verdade e possui autoridade superior a todos os homens inclusive superior a igreja; a salvação se dá unicamente pela graça mediante unicamente a fé; predestinação.

Assim como Lutero, entende o pecado como proveniente do egoísmo humano.

João Calvino

Jean Cauvin, nasceu em Noyon, França (1509).

De forma semelhante a Lutero, negou o livre-arbítrio e afirmou o sevo-arbítrio, e de forma muito mais intensa que Lutero, defendeu a predestinação a ponto de subordinar quase inteiramente a Deus as decisões do homem.

Percebido por Max Weber tempos mais tarde, um elemento singular do calvinismo é a ideia do sucesso profissional atrelado a eleição divina para a salvação. Segundo o sociólogo alemão, esse pensamento reformado criou o “espírito” do Capitalismo.


Thursday, October 12, 2017

O Dinheiro Segundo Adam Smith



*O TEXTO A SEGUIR É BASEADO NO CAPÍTULO IV DO PRIMEIRO LIVRO DO ENSAIO A RIQUEZA DAS NAÇÕES DE AUTORIA DO ESCOCÊS PAI DA ECONOMIA CLÁSSICA, ADAM SMITH.

Todo o processo econômico humano é decorrente de uma constatação básica e surge em resposta a ela: o indivíduo é incapaz de atender todas as suas necessidades materiais de forma satisfatória. Imagine por exemplo que você tivesse que produzir sua própria cama, roupa, alimento, sua iluminação, sua mesa, seus talheres e pratos, seu meio de transporte, seu meio de comunicação, etc. Perceberia logo a veracidade da constatação acima exposta e a ingenuidade de se imaginar uma vida confortável longe de uma sociedade de mercado.

Para solucionar este problema surge o comércio, que pode ser decomposto em dois fatores, (1) a divisão do trabalho e (2) trocas voluntárias do excedente produzido. A partir desse segundo componente do comércio é que tem início a ideia de dinheiro.

O dinheiro surge como solução ao problema das trocas diretas (escambo). Por exemplo, em uma sociedade baseada em escambo, uma pessoa precisará possuir algo que o padeiro queria para trocar por pão. Se o desejo do padeiro for por cerveja, essa pessoa precisará de algo que o cervejeiro queira, e se este quiser carne, será necessário trocar algo de interesse do açougueiro pela carne e assim sucessivamente. Tendo em vista o grande empecilho que isso se torna para toda a sociedade, surge bens econômicos que servem como intermediários, como por exemplo, o sal, o açúcar, o fumo, gado, pregos, etc. Todos esses intermediários serviram como a forma mais primitiva de dinheiro.

Para que um bem econômico pudesse se destacar como um bom intermediário em detrimento dos demais, 5 (cinco) fatores são levados em consideração, (1) sua durabilidade, dessa forma uma fruta dificilmente seria meio de troca, (2) sua divisibilidade, os animais por exemplo, logo deixaram de ser meios de troca, (3) dificuldade em ser falsificado/adulterado, (4) facilidade de transporte e (5) escassez, logo a água ou areia seriam péssimos candidatos. Uma vez que os metais, como o cobre, a prata e o ouro, cumpriam muito bem a maioria desses fatores, eles foram se popularizando como meio mais eficiente de dinheiro.

Todavia, o fator de número 3 demonstrava ser um grande problema para o uso dos metais como moeda de troca pois, para garantir a autenticidade da quantidade de metal era necessário uma pesagem de alta precisão, além de que, ainda que o peso fosse correto, poderia se tratar de uma liga metálica onde uma porcentagem pequena do metal fosse adulterada. Em consequência disso, os governos antigos criaram órgãos denominados Casas da Moeda, onde os metais eram moldados em moedas que recebiam cunhagem como uma forma de oficializa-las como confiáveis. Contudo, apesar do problema ter sido aparentemente resolvido, a população passa a depender da honestidade do governo que, semelhante aos dias atuais quando o chefe de Estado resolve “ligar a impressora” para quitar suas dívidas, os soberanos antigos muitas vezes não hesitavam em usar seu poder para fraudar o dinheiro corrente em benefício de seus próprios interesses.