*O TEXTO A SEGUIR É BASEADO NO CAPÍTULO IV DO PRIMEIRO
LIVRO DO ENSAIO A RIQUEZA DAS NAÇÕES
DE AUTORIA DO ESCOCÊS PAI DA ECONOMIA CLÁSSICA, ADAM SMITH.
Todo o processo econômico humano é decorrente de uma
constatação básica e surge em resposta a ela: o indivíduo é incapaz de atender
todas as suas necessidades materiais de forma satisfatória. Imagine por exemplo
que você tivesse que produzir sua própria cama, roupa, alimento, sua
iluminação, sua mesa, seus talheres e pratos, seu meio de transporte, seu meio
de comunicação, etc. Perceberia logo a veracidade da constatação acima exposta
e a ingenuidade de se imaginar uma vida confortável longe de uma sociedade de
mercado.
Para solucionar este problema surge o comércio, que pode
ser decomposto em dois fatores, (1) a divisão do trabalho e (2) trocas
voluntárias do excedente produzido. A partir desse segundo componente do comércio
é que tem início a ideia de dinheiro.
O dinheiro surge como solução ao problema das trocas
diretas (escambo). Por exemplo, em uma sociedade baseada em escambo, uma pessoa
precisará possuir algo que o padeiro queria para trocar por pão. Se o desejo do
padeiro for por cerveja, essa pessoa precisará de algo que o cervejeiro queira,
e se este quiser carne, será necessário trocar algo de interesse do açougueiro
pela carne e assim sucessivamente. Tendo em vista o grande empecilho que isso
se torna para toda a sociedade, surge bens econômicos que servem como
intermediários, como por exemplo, o sal, o açúcar, o fumo, gado, pregos, etc.
Todos esses intermediários serviram como a forma mais primitiva de dinheiro.
Para que um bem econômico pudesse se destacar como um bom
intermediário em detrimento dos demais, 5 (cinco) fatores são levados em
consideração, (1) sua durabilidade, dessa forma uma fruta dificilmente seria
meio de troca, (2) sua divisibilidade, os animais por exemplo, logo deixaram de
ser meios de troca, (3) dificuldade em ser falsificado/adulterado, (4)
facilidade de transporte e (5) escassez, logo a água ou areia seriam péssimos
candidatos. Uma vez que os metais, como o cobre, a prata e o ouro, cumpriam
muito bem a maioria desses fatores, eles foram se popularizando como meio mais
eficiente de dinheiro.
Todavia, o fator de número 3 demonstrava ser um grande
problema para o uso dos metais como moeda de troca pois, para garantir a
autenticidade da quantidade de metal era necessário uma pesagem de alta
precisão, além de que, ainda que o peso fosse correto, poderia se tratar de uma
liga metálica onde uma porcentagem pequena do metal fosse adulterada. Em consequência
disso, os governos antigos criaram órgãos denominados Casas da Moeda, onde os
metais eram moldados em moedas que recebiam cunhagem como uma forma de
oficializa-las como confiáveis. Contudo, apesar do problema ter sido
aparentemente resolvido, a população passa a depender da honestidade do governo
que, semelhante aos dias atuais quando o chefe de Estado resolve “ligar a
impressora” para quitar suas dívidas, os soberanos antigos muitas vezes não
hesitavam em usar seu poder para fraudar o dinheiro corrente em benefício de
seus próprios interesses.
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