Thursday, October 12, 2017

O Dinheiro Segundo Adam Smith



*O TEXTO A SEGUIR É BASEADO NO CAPÍTULO IV DO PRIMEIRO LIVRO DO ENSAIO A RIQUEZA DAS NAÇÕES DE AUTORIA DO ESCOCÊS PAI DA ECONOMIA CLÁSSICA, ADAM SMITH.

Todo o processo econômico humano é decorrente de uma constatação básica e surge em resposta a ela: o indivíduo é incapaz de atender todas as suas necessidades materiais de forma satisfatória. Imagine por exemplo que você tivesse que produzir sua própria cama, roupa, alimento, sua iluminação, sua mesa, seus talheres e pratos, seu meio de transporte, seu meio de comunicação, etc. Perceberia logo a veracidade da constatação acima exposta e a ingenuidade de se imaginar uma vida confortável longe de uma sociedade de mercado.

Para solucionar este problema surge o comércio, que pode ser decomposto em dois fatores, (1) a divisão do trabalho e (2) trocas voluntárias do excedente produzido. A partir desse segundo componente do comércio é que tem início a ideia de dinheiro.

O dinheiro surge como solução ao problema das trocas diretas (escambo). Por exemplo, em uma sociedade baseada em escambo, uma pessoa precisará possuir algo que o padeiro queria para trocar por pão. Se o desejo do padeiro for por cerveja, essa pessoa precisará de algo que o cervejeiro queira, e se este quiser carne, será necessário trocar algo de interesse do açougueiro pela carne e assim sucessivamente. Tendo em vista o grande empecilho que isso se torna para toda a sociedade, surge bens econômicos que servem como intermediários, como por exemplo, o sal, o açúcar, o fumo, gado, pregos, etc. Todos esses intermediários serviram como a forma mais primitiva de dinheiro.

Para que um bem econômico pudesse se destacar como um bom intermediário em detrimento dos demais, 5 (cinco) fatores são levados em consideração, (1) sua durabilidade, dessa forma uma fruta dificilmente seria meio de troca, (2) sua divisibilidade, os animais por exemplo, logo deixaram de ser meios de troca, (3) dificuldade em ser falsificado/adulterado, (4) facilidade de transporte e (5) escassez, logo a água ou areia seriam péssimos candidatos. Uma vez que os metais, como o cobre, a prata e o ouro, cumpriam muito bem a maioria desses fatores, eles foram se popularizando como meio mais eficiente de dinheiro.

Todavia, o fator de número 3 demonstrava ser um grande problema para o uso dos metais como moeda de troca pois, para garantir a autenticidade da quantidade de metal era necessário uma pesagem de alta precisão, além de que, ainda que o peso fosse correto, poderia se tratar de uma liga metálica onde uma porcentagem pequena do metal fosse adulterada. Em consequência disso, os governos antigos criaram órgãos denominados Casas da Moeda, onde os metais eram moldados em moedas que recebiam cunhagem como uma forma de oficializa-las como confiáveis. Contudo, apesar do problema ter sido aparentemente resolvido, a população passa a depender da honestidade do governo que, semelhante aos dias atuais quando o chefe de Estado resolve “ligar a impressora” para quitar suas dívidas, os soberanos antigos muitas vezes não hesitavam em usar seu poder para fraudar o dinheiro corrente em benefício de seus próprios interesses.

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